Hoje participei de um curso com este tema.
Claro que nesta fase do doutorado não é para ler mais nada, nem abrir novos horizontes.
Mas a idéia de eu participar do curso não foi essa. Foi abrir espaços na mente, arejar, e ao mesmo tempo, fortalecer um posicionamento.
O curso foi com o Prof. Eliseu Clementino de Souza, da Estadual da Bahia, e foi muito bom ouvir alguém que sabe do que e de onde está falando.
De modo geral, o que ficou foi a questão das diferentes perspectivas no trabalho de pesquisa com narrativas, histórias orais, biografias... e a importância de que a perspectiva seja marcada, demarcada.
Algo interessante que ele falou sobre as escolhas dos autores, é colocá-los sob uma hierarquia: os protagonistas, os coadjuvantes e os figurantes.
Meus protagonistas são, sem dúvida: Schön (profissional reflexivo), Mattingly (narrativa e raciocínio clínico) e Benetton (terapia ocupacional). Consigo estabelecer uma conversa com eles do começo ao fim do trabalho.
Alguns coadjuvantes são os autores que sustentam as ferramentas metodológicas da intervenção: Wenger (comunidade de prática), e os autores que falam do diário reflexivo, do processo de grupo.
E os figurantes são muitos... aqui e ali, apresentando algumas questões específicas que vão surgindo.
Gostei disso!
Além disso, ele fez um panorâma sobre o início das pesquisas sob este referencial, e falou da Escola de Chicago (Alain Coulon) , da déc. de 20, na constituição da pesquisa qualitativa nas Ciências Sociais, que veio a influenciar outras áreas em décadas posteriores (dec. 60), como o surgimento da História Nova na França, e da Psicologia Social, Literatura... chegando na Educação: o professor é uma pessoa, a formação se dá a partir do sujeito.
E depois foi demarcando seu lugar ao falar das histórias de vida como processo de conhecimento, das interfaces entre pesquisa e formação e das práticas de formação.
Neste campo, eu fui ora me aproximando, ora me distanciando.
Mas saí com uma boa lista de obras para futuras leituras.
Além disso, dicas para a análise:
- O movimento da pesquisa, os bastidores, tem que aparecer no texto;
- Análise temática, sob uma perspectiva hermenêutica-fenomenológica e interpretativa (da transcrição à textualização) - acho que isso é mais próximo do que eu estou fazendo do que a Análise de Conteúdo ou do Discurso.
É uma análise de 3 tempos: a) pré-análise e leitura cruzada; b) leitura temática (das unidades de análise descritivas); c) leitura interpretativa-comprensiva;
- Explicitar sempre os critérios, as escolhas.
O pesquisador que vive uma dialética sujeito-objeto de sua própria pesquisa.
Questões da escrita: entre o íntimo e o público - para mim esta é uma questão fundamental que vou ter que tratar, pois as participantes da escrita produziram diários reflexivos de situações dilemáticas de suas práticas, e ocorreu um movimento de apropriação desta ferramenta, mas de negociação com o leitor, num primeiro momento, eu como pesquisadora e terapeuta ocupacional, e, num momento posterior, os leitores da pesquisa.
Entre tantas outras coisas, mas que posso incluir em outras postagens, a medida em que for contando aqui o meu processo final de análise e escrita da tese.
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