quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Terminando as análises

Acho que agora vou poder contar um pouco mais sobre o processo de finalização da análise dos dados.
Por incrível que pareça, ainda estou envolvida nas análises. Como já disse em outras postagens, todo o trabalho feito com o ALCESTE resultou na investigação dos temas que foram tratados no trabalho de pesquisa, tanto no grupo como nos diários.
E isso me dá apenas uma pequena parte do que preciso para responder às perguntas da pesquisa.
Quero saber o que investigamos, mas quero saber como foi esse processo.

E é isso que estou finalizando nesta e, provavelmente, nas próximas duas semanas.
O processo do grupo: construímos sentidos sobre o trabalho do grupo e a pesquisa, sobre a assistência em terapia ocupacional, sobre a prática em contexto e suas influências no raciocínio clínico, mas como esse processo se constituiu?
A investigação do raciocínio clínico nos diários: já investiguei processos reflexivos nos diários, mas quais os diferentes tipos de raciocínio clínico presentes? Sobre quais questões as terapeutas ocupacionais mais se debruçaram? Se o raciocínio clínico é um processo voltado para a compreensão das particularidades do caso para poder agir, como este processo foi construído nos diários?
O raciocínio pedagógico da pesquisadora: já tenho algumas análises de como este processo aconteceu tanto nas devolutivas dos diários como nos grupos iniciais, então, como compor este processo de raciocínio pedagógico? Quais elementos se fizeram necessários? Em Terapia Ocupacional, o que é preciso para estar neste lugar? De quem media, de quem ensina?

Tendo estas linhas mais claras (e houve mudanças depois da qualificação), agora é arregassar as mangas e tentar fechar estas questões neste tempo.

Vou contando.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pesquisa (auto)biográfica e práticas de formação e o que esse dia teve a ver com a minha tese

Hoje participei de um curso com este tema.
Claro que nesta fase do doutorado não é para ler mais nada, nem abrir novos horizontes.
Mas a idéia de eu participar do curso não foi essa. Foi abrir espaços na mente, arejar, e ao mesmo tempo, fortalecer um posicionamento.
O curso foi com o Prof. Eliseu Clementino de Souza, da Estadual da Bahia, e foi muito bom ouvir alguém que sabe do que e de onde está falando.
De modo geral, o que ficou foi a questão das diferentes perspectivas no trabalho de pesquisa com narrativas, histórias orais, biografias... e a importância de que a perspectiva seja marcada, demarcada.
Algo interessante que ele falou sobre as escolhas dos autores, é colocá-los sob uma hierarquia: os protagonistas, os coadjuvantes e os figurantes.
Meus protagonistas são, sem dúvida: Schön (profissional reflexivo), Mattingly (narrativa e raciocínio clínico) e Benetton (terapia ocupacional). Consigo estabelecer uma conversa com eles do começo ao fim do trabalho.
Alguns coadjuvantes são os autores que sustentam as ferramentas metodológicas da intervenção: Wenger (comunidade de prática), e os autores que falam do diário reflexivo, do processo de grupo.
E os figurantes são muitos... aqui e ali, apresentando algumas questões específicas que vão surgindo.
Gostei disso!

Além disso, ele fez um panorâma sobre o início das pesquisas sob este referencial, e falou da Escola de Chicago (Alain Coulon) , da déc. de 20, na constituição da pesquisa qualitativa nas Ciências Sociais, que veio a influenciar outras áreas em décadas posteriores (dec. 60), como o surgimento da História Nova na França, e da Psicologia Social, Literatura... chegando na Educação: o professor é uma pessoa, a formação se dá a partir do sujeito.

E depois foi demarcando seu lugar ao falar das histórias de vida como processo de conhecimento, das interfaces entre pesquisa e formação e das práticas de formação.
Neste campo, eu fui ora me aproximando, ora me distanciando.
Mas saí com uma boa lista de obras para futuras leituras.

Além disso, dicas para a análise:
- O movimento da pesquisa, os bastidores, tem que aparecer no texto;
- Análise temática, sob uma perspectiva hermenêutica-fenomenológica e interpretativa (da transcrição à textualização) - acho que isso é mais próximo do que eu estou fazendo do que a Análise de Conteúdo ou do Discurso.
É uma análise de 3 tempos: a) pré-análise e leitura cruzada; b) leitura temática (das unidades de análise descritivas); c) leitura interpretativa-comprensiva;
- Explicitar sempre os critérios, as escolhas.

O pesquisador que vive uma dialética sujeito-objeto de sua própria pesquisa.
Questões da escrita: entre o íntimo e o público - para mim esta é uma questão fundamental que vou ter que tratar, pois as participantes da escrita produziram diários reflexivos de situações dilemáticas de suas práticas, e ocorreu um movimento de apropriação desta ferramenta, mas de negociação com o leitor, num primeiro momento, eu como pesquisadora e terapeuta ocupacional, e, num momento posterior, os leitores da pesquisa.

Entre tantas outras coisas, mas que posso incluir em outras postagens, a medida em que for contando aqui o meu processo final de análise e escrita da tese.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

só para dar um gostinho...

... do que vem por aí depois da leitura da Mattingly: tempo narrativo e tempo vivido, narrativa e experiência vivida, criação de histórias terapêuticas...

Experiências poderosas: criam um senso de unidade, um senso de que algo ocorreu e que é diferente do seguir do tempo sem marcas, não são recebidas passivamente, mas ATIVAMENTE CRIADAS (p. 82)

Um único relance num único momento pode ter seu caráter inesquecível, convergindo numa imagem que varre da superfície todos os outros eventos e não é nunca engolida em uma cadeia de ação maior. A forma narrativa é baseada na vivacidade dos eventos assim como em suas contribuições para a trama (p. 85)

As ações são conduzidas através do desejo (p. 92)

Nosso desejo nos leva a assumir riscos (ou pagar um preço quando falhamos em assumir os riscos) e isso em si causa sofrimento. Freqüentemente nosso objeto não será alcançado, ou quando alcançado não nos dará o que esperávamos e estas coisas também causam pânico (p. 92)

Agimos para chegar a certos fins, realizar certos futuros e evitar outros.
Ao agir podemos vir a decidir que aqueles fins que desejávamos não são tão desejados depois de tudo e muda nossa orientação teleológica em favor de um futuro diferente (p. 93)

A vida no tempo, como espaço de possibilidades - é essa a estrutura que a narrativa imita (p. 96)

Aos poucos as coisas vão sendo contruídas na minha cabeça.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Como explicar o Método Terapia Ocupacional Dinâmica

Meu amigo Zé Otávio (blog do terapeuta ocupacional) me convidou para dar uma aula sobre o MTOD no curso de TO de Jundiaí, onde é professor.
Na montagem da apresentação, que tem que ser simples, pois é um primeiro contato de alunos de graduação com o método, retomei os textos das colegas que vão falar no Curso: Atividades, tudo o que você precisa saber para ser terapeuta ocupacional, agora em novembro.
E me deparei com textos de grande simplicidade e clareza, próprios de quem sabe do que fala e quer falar para quem está chegando, para dar água na boca, para mostrar novas possibilidades.
Bem, o curso está recomendado, tanto para quem está na graduação, no início da carreira e para quem quer se aproximar do CETO, do MTOD. Mais informações acesse a homepage do CETO.

Depois também vou deixar a aula disponível na minha homepage.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

estudar não é fácil!

Estou debruçada na leitura do livro "Healing dramas and clinical plots - the narrative structure of experience", da Cheryl Mattingly, que é antropóloga, e este livro é a etnografia da pesquisa com terapeutas ocupacionais que originou todo o estudo do raciocínio clínico (quem quiser saber mais, uma tradução de um dos artigos publicados em 1991 no American Journal of Occupational Therapy foi traduzida na Revista CETO, no. 10).
Será que algum dia vai acabar a sensação de que sempre há algo para ler antes de escrever a tese e terminar de vez as análises?

Talvez não, mas este livro tem que ser lido.
É um desafio o tempo todo. Compreender os conceitos, o percurso da autora para apresentar os conceitos (como em todo livro!).

Daí, eu tenho fome, tenho vontade de ligar ou teclar com os amigos, escrever no blog (!), assistir o 'sem censura' - será que a Leda Nagle tem noção do quanto ela foi presente nos meus momentos de fuga da tese?

Depois volto, ando mais algumas poucas ou muitas páginas, e assim vai, até o fim, que quase sempre é um êxtase.
No percurso várias idéias vão surgindo, e é ótimo, instigante, excitante.
Hoje, já tive várias! Uma delas sobre quem precisa estar na banca da defesa, de quem eu espero uma avaliação, mas também um primeiro diálogo.

Agora acho que já dá pra voltar para algumas páginas mais.